BARRAGEM DE PRETAROUCA

ESTRATÉGIA NO ÂMBITO DAS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS


Instalação das Comportas - Descrição da Obra

Para a instalação e funcionamento das comportas de charneira do tipo "Obermeyer" foram necessárias algumas intervenções, principalmente no descarregador de cheia. Foram realizadas obras no descarregador para permitir a montagem das peças fixas dos equipamentos e para acomodar o escoamento em jato livre que se produz a jusante das comportas. Como a manobra das comportas é realizada por insuflação/desinsuflação de almofadas de borracha colocadas sob as mesmas, foi necessário prever a execução de uma instalação para o fornecimento de ar comprimido, localizada no pé de jusante da barragem. 

Principais intervenções:

  • Reconstrução da crista; 
  • Reperfilamento da soleira do canal;
  • Alteamento dos muros laterais;
  • Instalação das comportas e equipamento associado;
  • Construção do edifício de compressores e comando das comportas.


Adaptações necessárias ao descarregador existente (EFACEC, 2020)
Adaptações necessárias ao descarregador existente (EFACEC, 2020)
Vista geral da barragem, com o descarregador de cheias antes e após montagem das comportas
Vista geral da barragem, com o descarregador de cheias antes e após montagem das comportas

Mais elementos sobre a construção da barragem consultar em Portefólio


Obra - Reconstrução da Crista do Descarregador

  • Demolição da crista do descarregador e a sua reconstrução cerca de 1,20 m para montante, com crista à cota 919,20 m e demolição superficial das paredes laterais do descarregador

As demolições iniciaram-se pelo vão do descarregador da margem direita. Para permitir a operação de maquinaria ligeira, nomeadamente de robôs de demolição e miniescavadoras, foi construída uma plataforma provisória de trabalho. A remoção dos escombros da demolição foi realizada com apoio de mini escavadora e de balde movimentado por grua.

Na zona da crista do descarregador foi necessário efetuar a demolição até 5 cm do betão de recobrimento dos pilares do descarregador para instalação da blindagem de aço inoxidável. A demolição foi efetuada de forma a não debilitar estes elementos de suporte, não sendo, portanto, necessária a instalação de um cimbre para suporte provisório do tabuleiro.

As betonagens iniciaram pela crista do descarregador, ainda antes de concluir a demolição dos degraus do canal de descarga. A betonagem da soleira do canal de descarga foi executada posteriormente no sentido ascendente. Foram realizadas três betonagens na crista do descarregador, sendo as mesmas realizadas enquanto decorreram os trabalhos de demolição do canal de descarga.

O faseamento construtivo adotado teve em consideração a necessidade de antecipar a execução da crista do descarregador, aumentando desta forma a capacidade de encaixe da albufeira e permitindo a instalação antecipada dos elementos primários das comportas. A composição do betão aplicado na obra incorporou na sua composição cinzas volantes como medida preventiva para evitar a ocorrência de reações expansivas.


Obra - Alteamento dos muros laterais

  • Alteamento dos muros laterais do descarregador para acomodar os jatos de saídas das comportas, quando em aberturas parciais 

    Nos trabalhos de alteamento dos muros laterais foi necessário numa primeira fase realizar a escarificação da face superior dos muros e colocadas de seguida as armaduras e ferrolhos. A escarificação teve como objetivo promover a rugosidade das superfícies de forma a melhorar a aderência entre o betão novo e o existente.


Obra - Reperfilamento da soleira do canal

  • Demolições dos degraus existentes entre o coroamento e a cota 904,00m e reconstrução de parte do canal de descarga em degraus

O descarregador de cheias inscreve-se sobre os blocos 9 e 10 da barragem, sendo atravessado por uma junta de contração localizada a meio do pilar do descarregador. Ao longo do canal de descarga esta junta encontrava-se protegida por uma membrana do tipo waterstop. A opção de não demolição dos degraus no troço central de descarregador (com cerca de 1,5 m de largura), foi tomada, para preservar esta membrana de impermeabilização.

A soleira do canal de descarga foi executada no sentido ascendente, em sete fases de betonagem, cada uma com cerca de 2 m de altura, após a conclusão das betonagens na crista do descarregador de cheias. Para garantir uma inclinação uniforme da soleira nos diferentes troços de betonagem, as cofragens foram montadas com contraventamentos e uma boa amarração à estrutura da barragem. A colocação e a vibração do betão foram executadas de forma particularmente cuidada, para que a superfície final da soleira do descarregador se apresentasse desempenada e sem vazios ou zonas porosas.

Na última betonagem da camada da soleira do canal de descarga foram deixados, na junta vertical entre a crista e o canal de descarga, tubos de injeção e de purga, para, posteriormente, se proceder à injeção da junta com calda de cimento. Os tubos têm 10 mm de diâmetro e foram colocados na vertical com um espaçamento máximo de 2 m. No final da injeção, o traço da junta foi selado com argamassa de reparação, para garantir uma superfície regular.


Obra - Instalação das comportas e equipamento associado

  • Montagem dos tabuleiros das Comportas

As comportas foram instaladas com recurso a camião grua, que elevou o material até à crista do descarregador. O controlo da instalação e dos procedimentos de montagem foram supervisionados por técnicos do representante do fabricante Dyrhoff.

O sistema das comportas implica a instalação no coroamento dos balões de insuflação/desinsuflação e ainda dos painéis metálicos. Para além disso exige alguma instrumentação associada ao movimento das comportas, como sondas de nível e inclinómetros para medir e controlar as aberturas e fechos.

Foram assim instaladas duas comportas de charneira do tipo "Obermeyer", uma por descarregador, cada uma com 15,5m de largura por 2,2m de altura, incluindo o conjunto de peças fixas e respetivos sistemas de fixação, e os tabuleiros completos com chumaceiras e vedações e os respetivos balões insufláveis para regulação das comportas.

Os balões são feitos de um material composto por borracha reforçada com tecido. Esse material combina a flexibilidade e a resistência da borracha com a durabilidade e a resistência à tração do tecido, composto por malhas de fibras sintéticas, como poliéster ou nylon. A estrutura composta permite que os balões suportem altas pressões e ambientes agressivos, como a exposição contínua à água e aos raios UV.

O sistema de ar comprimido inclui dois eletrocompressores, um reservatório de ar comprimido, um secador com um filtro em cada extremidade, um controlador pneumático das comportas, para além da tubagem de ar comprimido entre estes equipamentos e as almofadas insufláveis das comportas.

Para abastecimento de ar aos balões foram instaladas as tubagens do circuito de ar comprimido que atravessam a junta de contração vertical da barragem, entre os blocos 9 e 10, tendo sido instalado, nesse atravessamento, um compensador do tipo MWA, com boa capacidade de absorver movimentos axiais, mas com capacidade limitada para absorver movimentos laterais de deslizamento. 

O restante equipamento foi instalado num posto de comando dedicado, a construir para o efeito na plataforma de entrada para a galeria de acesso às câmaras de válvulas da barragem, na margem esquerda, aproximadamente à cota 903,50. 

Obra - Construção do edifício de compressores e comando das comportas.

  • Novo Posto de Comando das comportas

No novo posto de comando construído foi instalado o autómato de regulação das comportas, em quadro de comando local, que controla e fornece a alimentação elétrica ao sistema de ar comprimido. Este autómato deverá comunicar com o POC. A alimentação elétrica ao posto de comando das comportas foi realizada a partir do quadro elétrico existente no posto de comando da barragem, ou, em caso de falha da rede normal, através do gerador de emergência.

Novo edifício de comando das comportas. Aspeto exterior geral
Novo edifício de comando das comportas. Aspeto exterior geral

Obra - As Dificuldades

Dado o período de execução da obra, que decorreu durante épocas de forte pluviosidade, a descarga de fundo esteve em contínua utilização para manter o nível da albufeira em valores bastante abaixo do NPA, num nível próximo dos 915m, garantindo condições de segurança dos trabalhos a executar.

As maiores afluências à albufeira ocorrem tipicamente entre novembro e março, pelo que se considerou muito provável a ocorrência de cheias durante o período da empreitada, que poderiam implicar a paragem dos trabalhos. Tendo em conta que estes fenómenos ocorrem de forma rápida, foi dada especial atenção às previsões meteorológicas de forma a antecipar a ocorrência destes eventos e tomar todas as medidas preventivas para garantir a segurança em obra.

Todas as medidas implementadas não foram suficientes, com a obra a ser galgada em dezembro de 2020, após um período de chuvas intensas, mesmo mantendo a descarga de fundo totalmente aberta nas 24 horas que antecederam o episódio.

Pese embora o galgamento da obra, e como era efetuado uma monitorização continua dos níveis da barragem, foi possível retirar em tempo útil pessoas e equipamentos instalados no coroamento e no descarregador, evitando assim danos maiores para a obra.

Rua Dom Pedro de Castro, n.º 1A
5000-669 Vila Real
Desenvolvido por Webnode
Crie o seu site grátis! Este site foi criado com a Webnode. Crie o seu gratuitamente agora! Comece agora